André Villas-Boas criticou, durante o seu discurso na Assembleia Geral do FC Porto, a atual situação financeira do clube, considerando que os dragões estão “profundamente afundados em dívidas”.
“Gostava de iniciar a minha intervenção com uma citação de um dos membros da direção aqui presente e que passo a citar: ‘A sustentabilidade do negócio do futebol, todos o sabemos, não é fácil e sofre de imponderáveis vários, mas o FC Porto criou um modelo de negócio e procura atenuar efeitos da recessão económica, da crescente dificuldade do acesso ao crédito e acima de tudo preparar o clube para o futuro e para as imposições da UEFA relacionadas com o fairplay financeiro. Estamos preparados, porque sem abdicar da razão de existirmos, que é a conquista de troféus desportivos, soubemos sempre resistir à tentação de nos afundar em dívidas.’ Revista Dragões, outubro de 2011. Caros associados, em 2011 a dívida financeira do FC Porto era de 98 milhões de euros e o passivo total era de 202 milhões de euros. 12 anos depois, a dívida financeira do FC Porto é de 311 milhões de euros e o passivo total de 499 milhões de euros. Hoje os capitais próprios atribuíveis aos sócios são negativos em 199 milhões de euros. Desde 2011, a administração do FC Porto recebeu mais de 27 milhões de euros em remuneração fixa e variável, sem considerarmos as ajudas de custo entre viaturas, combustíveis e despesas com cartão de crédito”, começou por dizer o futuro candidato à presidência, que foi muito aplaudido pelos sócios no Dragão Arena.

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“Conforme facilmente se constata a citação acima foi ultrapassada pelo tempo. Ao contrário de 2011, hoje estamos profundamente afundados em dívidas, temos a maior parte das receitas futuras antecipadas e podemos estar em vias de conceder direito de exploração comercial e respetivas receitas para os próximos 15 anos para uma empresa americana. Não existe visão, nem planeamento, nem modelo de negócio… (interrompido) que garanta a sustentabilidade financeira do FC Porto. Ao longo dos últimos 12 anos, o passivo mais do que duplicou, o que é revelador da indiferença da atual administração para com a existência do FC Porto enquanto clube de associados. Lamentavelmente, e em face deste cenário, já não vamos lá apenas com retoques na equipa directiva, que se avizinham, ou recorrendo a meras retóricas comunicacionais, ou ainda com acordos de confidencialidade em contraponto com as mais elementares regras de rigor e transparências e obrigações de uma empresa cotada em bolsa. Pergunto a vossas excelências, membros da direção, se seriam capazes de hipotecar o futuro das vossas famílias à proporção e velocidade com que hipotecam o futuro do FC Porto”, prosseguiu o antigo treinador portista.

AVB condicionou a aprovação das contas de 2022/23, em apreciação e votação nesta AG, à devolução dos prémios por parte da administração da SAD portista: “Não tenho outra alternativa que não seja manifestar a minha reprovação às contas aqui hoje apresentadas, condicionando a aprovação das mesmas à devolução da remuneração variável recentemente recebida pela atual administração.”

“Quero deixar claro que não podem ser as diferenças que nos separam a fazer esquecer o amor que todos sentimos pelo FC Porto. Aí estamos e sempre estaremos todos juntos, porque só há um FC Porto. Viva o FC Porto”, finalizou.

Jornal Record

Este artigo foi originalmente publicado neste website

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