Sérgio Vieira, treinador do Estrela da Amadora, fez na manhã deste sábado a antevisão ao duelo de amanhã com o Estoril, relativo à 20ª jornada da Liga Betclic, no Estádio José Gomes. O técnico de 40 anos falou sobre o mau momento dos tricolores, que não vencem há seis jornadas, das entradas e saídas no mercado de inverno e do Estoril, a quem deixou elogios pela chegada à final da Allianz Cup.
A preparação do Estrela foi afetada pelo fecho de mercado atribulado?
“Há sempre circunstâncias que podem mexer com o subconsciente dos jogadores e do próprio treinador, porque somos seres humanos e é a lógica da vida. Há fatores que alteram o nosso comportamento. Não foi o que aconteceu e nunca vai ser porque somos bons homens no dia-a-dia, mantemos princípios de liderança muito fortes e não permitimos que isso aconteça. O objetivo maior é sempre o Estrela e os objetivos a que nos propusemos esta temporada, de cimentar o clube na 1ª Liga, de olhar para cada desafio como o mais importante, focando-nos sempre em lutar pelos três pontos e prepararmo-nos ao máximo. O fecho do mercado é algo normal que acontece desde sempre, em todo o lado, os jogadores estão habituados a isso, os treinadores, a estrutura e os adeptos também, por isso é algo normal e temos de nos focar em algo importante, que é o jogo de amanhã, e conseguirmos estarmos preparados para fazer um grande jogo e lutarmos pelos três pontos.”

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O Estrela já não ganha há seis jogos. Como tem motivado a equipa?
“Há sempre a tentação do meio exterior questionar, mas não vale a pena ir por esse caminho. É importante ir pelo lado que queremos, que é o trabalho, os objetivos, o próximo jogo, a força do adversário, os nossos jogadores, o mercado… porque essa lógica nunca vai ser a lógica onde eu estiver nem a lógica de clubes bem organizados com boa liderança, porque a lógica correta é a que respeitamos. Sabemos de onde viemos, sabemos o que aconteceu aqui nos últimos anos, na temporada passada, as dificuldades que tivemos, o êxito que tivemos, as quedas pelo caminho, a energia fantástica que os nossos adeptos colocaram em nós para que tivéssemos energia extra e conseguirmos os nossos êxitos, as transformações que o clube tem sofrido de forma positiva para que seja melhor a todos os níveis… e esta temporada é mais uma etapa evolutiva que queremos colocar na história do Estrela, algo que seja sempre em crescendo. Estes momentos altos e baixos nunca vão ser foco de debate interno.”

O facto de o Estoril ter sobrecarga de jogos pode ser uma vantagem?
“Num confronto há sempre fatores que tendem para um lado ou outro, mas em termos teóricos, porque na prática nunca sabemos verdadeiramente e vai depender do momento em que o jogo se realiza e a forma como as equipas se prepararam. É um facto que tiveram jogos consecutivamente e tiveram menos tempo de recuperação, mas tiveram o suficiente. O jogo realiza-se quatro dias depois e cientificamente é comprovado que os jogadores podem recuperar a tempo de competir novamente. Mas depende da forma como o fazem, se o fizerem de forma competente, os jogadores vão estar preparados e vai ser um grande jogo. Mas temos de olhar para nós, porque há outros fatores. Eles são uma equipa que joga junta há algum tempo e vem rotinada em termos competitivos, enquanto olhamos para a nossa equipa e um ou outro [jogador] pode ser a primeira vez que joga, porque temos mexido constantemente na estabilidade entre setores e posições e têm havido trocas constantes. Isso é um fator que pode ser negativo para nós, mas só vai ser se não prepararmos bem os jogadores. Vai haver sempre fatores de um lado e de outro, que pensamos que beneficiam um, mas na prática poderá ser diferente.”

Também vê o Estoril pressionado pela falta de vitórias?
“Nunca conseguimos prever o futuro de uma forma muito precisa, porque do outro lado está um treinador competente, jogadores competentes, um clube competente, e temos de os respeitar. Se pensam assim ou não, é difícil. Deste lado, a nossa liderança é imperturbável porque respeita a lógica da vida. Aqui dentro há alma nos jogadores, na estrutura, na equipa técnica e vai ser sempre assim. O Estoril tem momentos menos positivos no campeonato, mas é algo que depende deles, como trabalharam para reverter isso. É algo que não sabemos, mas sabemos que vamos respeitá-los muito porque têm qualidade. Prova disso é a presença na final da Taça da Liga e isso por si só é um fator que demonstra a capacidade que podem ter. O jogo da primeira volta teve uma história diferente, não era o mesmo treinador, tinha lógicas diferentes, foi um jogo muito bem jogado e emocionante, e esperamos que amanhã seja dessa forma e que no fim também consigamos ser felizes.”

Algum dos reforços que chegaram no último dia podem ser já utilizados?
“Temos de os avaliar de forma muito rigorosa, porque o histórico recente de não ter todos disponíveis foi fértil, mas já estamos a reverter isso, temos um grupo mais preparado. Sobre os jogadores que chegaram, temos de ter muita atenção quando competiram pela última vez, quantos minutos, em que campeonato e de que forma, para que não queiramos muito, mas depois os possamos perder. Vai ser sempre um processo feito com responsabilidade. Entendo que às vezes, pela paixão, os nossos adeptos querem ver logo em ação as novas contratações, mas peço essa paciênciazinha, porque queremos, com responsabilidade, ser felizes na nossa caminhada como no ano passado e temos de semear coisas boas e processos corretos. É o caso do Rodrigo Pinho, do Bucca, do Rúben Lima, do Nilton e muitos outros que chegaram, que vão sendo colocados quando sentirmos que fisicamente estejam preparados para não cederem. Depois há a questão tática, mas a colocação dos jogadores vai gradual. Amanhã teremos novidades tanto no onze como no banco.”

Conta com Kialonda Gaspar até ao final da temporada?
“São dois jogadores [Kialonda Gaspar e Manuel Keliano] que até ao momento têm contrato connosco. São jogadores que contam, porque têm qualidade e recentemente tiveram a disputar a CAN. Infelizmente para eles e até para nós, porque ter jogadores ao mais alto nível também nos orgulha do que fizemos ao trazê-los e desenvolvê-los, foram eliminados. Em relação ao futuro logo se vê, é algo lógico em qualquer mercado em qualquer clube. Nesta etapa conto com ele porque tem contrato, não fui informado de situação inversa, mas faz parte. Se contarmos com ele até ao final, muito bem, se não temos outras soluções e acreditamos em todos. A força está no coletivo e não no individual.”

Reforços dão polivalência e podem implicar mudanças táticas?
“Pode acontecer, queremos estabilidade e rotinas, mas já provámos este ano e na temporada passada que enquanto equipa técnica e plantel, temos essa versatilidade, essa capacidade de interpretar o jogo com diferentes dinâmicas táticas. Não existe sistema para nós, mas sim a interpretação dos espaços em que está a bola e em que queremos que chegue, saber defender bem todos os espaços quando não a temos… é algo estimulado diariamente pelos nossos jogadores e eles têm capacidade para interpretar. As contratações vêm acrescentar essa versatilidade e se tivermos de fazer [alterações], vamos fazer. O que não nos podem acusar é de não arriscarmos em busca dos nossos objetivos e de ficarmos sempre na nossa zona de conforto. Tivemos ousadia em muitos jogos na temporada passada e nesta que comprovam isso, e vamos tentar de forma responsável fazê-lo se for o melhor.”

As lesões ao longo da época motivaram a investida neste mercado?
“Chegamos a este momento conquistando 18 pontos dentro de uma primeira volta que achamos normal. Foi positiva e até poderia ser muito melhor, mas achamos normal. Temos de fazer uma segunda dentro do que fizemos na primeira para que, no mínimo, alcancemos os 35 pontos. Acreditamos que podemos fazer muito mais e os ajustes no mercado vêm trazer isso, dar qualidade, experiência, maturidade, vivências e é uma atitude preventiva em relação aos problemas que tivemos, mas sabemos os problemas que tivemos foram por diferentes motivos. São fatores que não controlamos, mas acreditamos que daqui até ao final as lesões irão diminuir como já diminuíram o e vamos estabilizar. E dentro dessa estabilidade, vamos à luta, independentemente do adversário.”

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Este artigo foi originalmente publicado neste website

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