Sérgio Conceição mostrou-se indignado com o que tem sido dito sobre vendas e compras de jogadores, na antevisão ao jogo de amanhã em casa do Boavista.
“Esse tem sido o nosso trabalho nos últimos anos, e não aquilo que querem passar, um chorrilho de mentiras diárias que me deixam estupefacto, sinceramente. Quando dizem, e ainda ontem na televisão disseram que deito ao lixo 45 milhões, são notícias enganadoras e mentirosas que não fazem parte ou não têm de fazer parte. Ditas muitas vezes até parecem verdade. O David Carmo e o Veron vieram há dois anos para aqui, os nossos gastos foram sempre menores que as vendas. Dos três grandes, os nossos gastos têm sido menores que as vendas. Quando dizem que um jogador que está ‘morto’ como o Navarro ou o David Carmo, é mentira. Navarro realmente veio este ano e não encontrou espaço. Dou-vos o exemplo do Vitinha, que esteve emprestado, voltou e foi uma venda fantástica, foi formado no nosso clube. O David Carmo está a competir na equipa B, veio há dois anos e não este ano, Veron foi emprestado de maneira a melhorar o seu rendimento, percebendo que para um jogador ter sucesso é preciso mais do que um simples treino. Se se está lesionado, não se pode estar nesse simples treino. Estamos atentos aos ativos, mas não sou dirigente, scout, muito menos empresário e assessor de imprensa desses empresários que metem essas notícias cá para fora. O nosso clube está num momento onde há muita confusão e muita mentira, onde se mete cá para cima e se dá um ênfase grande a um pequeno desaire e se abafam as vitórias do FC Porto. Acabámos o ano, e deixem-me meter aqui mais um dado, acabámos o ano civil com 87 pontos. Penso que o Record fez uma peça sobre isto. Ninguém frisa nada disto, frisam que o Sérgio Conceição deitou milhões para o lixo e é pura mentira, esta é a verdade. O Sérgio Conceição em sete anos, até porque vivemos três com a alçada do fairplay financeiro… De vendas em sete anos? 900 milhões de euros. De compras, dentro das soluções que temos, gastámos 250 milhões de euros em sete anos. Não vim preparado. É tanta mentira… Para mim o mais importante é o jogo de amanhã. Podem ir buscar os dados do ‘Transfermarkt’. Está aqui tudo, ano após ano. Dos três grandes, o Sporting tem 49% e nós 47%. São as compras e as vendas. Foi o que conseguimos nestes sete anos, associados aos títulos que ganhámos. Isto não faz com que amanhã tenha mais ou menos ambição. Para os verdadeiros sócios, não para os pseudos, os verdadeiros querem a vitória amanhã e o título no final da época. Isto acaba por ser importante, estamos numa altura crítica, e quem é minimamente inteligente percebe isto e o porquê do Sérgio Conceição ser o alvo número um”, disse.

Jogadores que chegaram no último verão têm tido dificuldades na adaptação? Porquê?

“São processos normais e naturais. Falo nisto semana após semana. Uma coisa é termos capacidade financeira para ir buscar jogadores dos quais não há dúvida sobre o momento deles. Jogar de três em três dias? O empatar é uma derrota. O Alan Varela tem 22 anos, o Nico também fez ontem 22… O Fran Navarro, apesar de ter mais um ou outro ano que estes, veio do Gil Vicente. Veron veio da América do Sul, David Carmo veio do Sp. Braga e está num processo de evolução, não está ‘morto’. Agora passou a vítima. Não é vítima nenhuma, está a passar um mau momento dentro dos parâmetros que acho que tem de passar aqui. Está a competir num contexto diferente mas está cá. Aliás, até posso confidenciar que ele está cá e o presidente me disse que recusou uma proposta de empréstimo por ele. E depois cabe-me a mim, sou pago para isso há sete anos e as coisas até me têm corrido mais ou menos bem, tenho justificado. Tenho feito as minhas asneiras? Sem dúvida, mas acontece a toda a gente no mundo. O Brahimi saiu a custo zero, o Marega saiu a custo zero, o Herrera, o Uribe, e jogaram sempre até ao último minuto. Dedicação, capacidade de trabalho. Tínhamos de tirar rendimento desportivo desses atletas. Se é alto, branco, magro, azul. Se for azul até agradeço… Mas se faço asneiras, se em vez de meter A meto C, no final sou o maior crítico de mim próprio, faço a minha autoanálise que por vezes não é fácil. Massacro-me muito a mim próprio, não quero errar, quero ser perfeito e o melhor profissional do mundo, mas por vezes não dá. Sofro muito com isso, quero ganhar sempre. Acredito que todos sejam assim, mas eu vivo de uma forma muito intenso. Os outros também não gostam de perder, claro, mas há uns que depois de um jogo vão jantar. Eu não. Para comer é difícil, para dormir também, mas faz parte. Quando era miúdo levantava-me para ver que nota me tinham dado nos jornais. Os meus amigos e quem me conhece sabem que sou assim. É isto”.

Jornal Record

Este artigo foi originalmente publicado neste website

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