Rui Costa passou em revista a carreira de futebolista, desde o primeiro dia em que participou num treino de captações até ao regresso ao Benfica, após a passagem pelo futebol italiano. O agora presidente do clube da Luz abordou o timing do regresso e vinca que muitas vezes os jogadores querem voltar e não podem, por falta de acordo dos clubes.
“Ainda hoje se fala de tantos jogadores que os nossos sócios e adeptos querem ver voltar a vestir a nossa camisola. Os próprios jogadores já demonstraram isso, mas depois os adeptos dizem que se quisessem mesmo, eles viriam, que baixavam o salário… Mas as pessoas têm de compreender que na grande maioria dos casos isso nem chega à parte do jogador, porque entre clubes não há acordo. O Benfica não está em condições de chegar ao Man. City e pagar 100 milhões de euros por um jogador, falando do caso do Bernardo Silva. Isso aconteceu comigo ao longo da minha vida lá fora, em que as pessoas diziam ‘ele quer voltar, mas não volta’. Em 2001, ainda com preços longe da realidade de hoje, custei ao Milan 43 milhões de euros. Era impossível sair da Fiorentina para o Benfica, pois o Benfica não tinha condições para me ir buscar à Fiorentina. Pude voltar quando o Milan permitiu que eu saísse sem custos para o Benfica. E com a história que as pessoas já conhecem”, explicou o presidente das águias à Liga TV, recordando ainda o momento conturbado em que deixou o clube do coração.
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“Há a teoria que escolhi um lado e não outro para ajudar o Benfica, mas não vou ser hipócrita. Tinha tudo fechado com o Barcelona. Não havia as diligências que há hoje, era tudo mais simples. Tinha autorização do Benfica para ir a Barcelona tirar fotografias com a camisola deles, estava tudo feito, até que depois aparece a Fiorentina, que dá mais dinheiro ao Benfica. O clube estava numa situação precária, vínhamos de um verão quente, há ali uma diferença de verbas substancial e o Benfica acaba por me comunicar que prefere que eu vá para a Fiorentina, pois não havia comparação na diferença financeira [das propostas]. Força a minha ida para Itália e acabo por aceitar a saída”, recordou Rui Costa, ainda que tivesse bem claro que queria voltar a Portugal: “Nasci aqui, sou daqui. Independentemente do que conseguisse lá fora, nunca iria esquecer o meu clube. Nunca deixei de acompanhar o Benfica, nunca deixei de o viver enquanto adepto. A partir do momento em que meto os pés em Itália e ambiciono ganhar tudo no futebol, ser dos melhores do mundo, em nenhum momento esteve fora de questão que a minha carreira não tinha de acabar onde começou. Foi para mim uma situação natural este processo de sair e voltar para acabar a carreira. Como sempre disse, só voltaria se considerasse que estava em condições de continuar a ajudar a equipa dentro de campo. Vim no momento em que pude vir. Há muita gente que diz que o jogador não quer regressar ao clube, mas os jogadores têm um custo, não é só salário individual.”
Por Nuno Miguel Ferreira e Valter Marques
Este artigo foi originalmente publicado neste website