Ainda na edição de dezembro da revista Dragões, publicada esta quarta-feira, que traz um excerto da entrevista a Pinto da Costa a propósito da fotobiografia intitulada “Largos Anos Têm 14 600 Dias”, o presidente do FC Porto fala da relação que teve com antigos jogadores e dirigentes do clube, colocando o foco em Vítor Baía, Sérgio Conceição e… Reinaldo Teles.
“Sempre gostei de todos os jogadores, mas lembro-me de houve dois casos com que tinha muito cuidado”, começa por referir Pinto da Costa. “Um era o Vítor Baía, porque, pelo feitio dele, quando acabava um jogo vinha-me abraçar e parecia que era o meu preferido. Tinha, como toda a gente, grande admiração por ele, mas não era preferido, era bom. E gosto mais dos que são melhores, como é evidente”, detalhou.

Na hora de falar do atual treinador do FC Porto, Pinto da Costa voltou à temporada 2003/04, a última de Sérgio Conceição de azul e branco como jogador, e revelou uma conversa que mete José Mourinho e Reinaldo Teles.

“E depois, curiosamente, foi com o Sérgio Conceição, porque tinha um carinho especial por ele, que conheço desde os 15 anos, quando ele veio para o FC Porto sozinho, e além disso era um grande jogador que esteve ligado a grandes momentos. No nosso ‘tri’, ganho em Guimarães, é ele que desbloqueia o jogo com duas jogadas fantásticas em que dá os golos ao Zahovic e ao Jardel. O Mourinho dizia muitas vezes ao Reinaldo [Teles] que o Sérgio era meu afilhado. E eu disse-lhe: ‘É afilhado porquê? Não é meu afilhado. Têm de compreender que o conheço desde menino…’. Então eu tinha um certo cuidado, publicamente, de não passar a imagem de que era diferente dos outros, porque não era, só que o Sérgio era muito exuberante também, sentia o FC Porto como poucos e dava naturalmente grandes fotos”, contou.

Passando de jogadores para dirigentes, Pinto da Costa recordou ainda o saudoso Reinaldo Teles. “Era um irmão que eu conheci no futebol. Conheci-o como praticante de boxe – fui diretor do boxe nos anos 60 – e ele era um bom praticamente. Tinha um feitio especial. Toda a gente achava que ele era um boxeur, mas era a pessoa mais pacífica que eu conheci. Agora, quando se irritava, cuidado…”, devolveu o presidente.

“Gostava muito do Reinaldo, era como um irmão para mim, e sentia uma coisa fantástica nele: podia estar a 50 metros dele e sentia que se olhasse para ele, ele estava sempre com os olhos em mim. Ele tinha uma preocupação permanente em relação a mim e muitas vezes disse-lhe: ‘Ó Reinaldo, se me quiserem matar, não é por você estar a olhar…’ Mas ele tinha a preocupação tremenda de estar sempre a olhar e a ver aonde é que eu ia. Era um irmão para mim, foi uma perda enorme. E foi talvez, se não o maior, o mais dedicado dirigente que o FC Porto teve”, concluiu.

Jornal Record

Este artigo foi originalmente publicado neste website

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