A edição de dezembro da revista Dragões, publicada esta quarta-feira, é dedicada a Fernando Gomes, goleador máximo da história do FC Porto, que faleceu no passado dia 26 de novembro. Na ‘Página do Presidente’, Pinto da Costa recordou os três abraços mais marcantes que deu ao Bibota e concluiu assim: “Não foi o último abraço, Fernando!”.
O editorial de Pinto da Costa arranca com o currículo do antigo jogador: “Hoje escrevo para recordar um grande símbolo do FC Porto – Fernando Gomes – que partiu e nos deixou a todos mais pobres, cheios de saudades. A sua carreira, todos conhecem. Cinco vezes campeão nacional e vencedor de três Taças de Portugal, três Supertaças, uma Taça dos Campeões Europeus, uma Taça Intercontinental e uma Supertaça Europeia”.

E, como não podia deixar de ser, o presidente do FC Porto prossegue com os títulos individuais que lhe valeram uma alcunha eterna. “Individualmente, conquistou duas vezes o troféu de melhor marcador europeu, a Bota de Ouro. Fantástico!”.

Pinto da Costa prossegue, então com a sensação de vazio que a partida de Fernando Gomes lhe deixou. “Mas do que sinto mesmo falta é do seu convívio. Foram dezenas de anos a viver e a conviver com uma paixão comum – o FC Porto. Recordarei sempre os seus golos, as suas vitórias e os seus exuberantes festejos. Trocámos centenas de abraços em momentos felizes. Mas há três que recordo e nunca esquecerei”, escreveu o presidente, passando depois a descrevê-los.

“O primeiro quando, em 1982, depois da minha eleição como presidente do nosso clube, me desloquei a Gijón para o fazer regressar ao seu clube de coração. Quando, depois de negociar com o presidente do Sporting de Gijón, nos encontrámos, disse-me: ‘Então quer mesmo que eu volte? Nem posso acreditar!’. E seguiu-se um abraço prolongado”, contou.

“O segundo foi quando o convidei para fazer parte da minha atual direção. À sua declaração ‘É um sonho que nunca acreditei ser realizável’, seguiu-se um forte abraço”, revelou também o presidente.

“O terceiro e último abraço foi o mais doloroso da minha vida. O Fernando já não recebia visitas, mas insistia com a sua mulher, a sua querida Xana, para que o visitasse. Autorizado pelo seu médico, desloquei-me ao hospital onde se encontrava. Trocámos opiniões sobre a formação do FC Porto, de que era responsável, e da vida do clube em geral”, começou por situar Pinto da Costa para, depois, especificar.

“Cerca de vinte minutos depois do início da nossa conversa, perfeitamente lúcido, mas muito cansado, quando nos despedíamos, pediu à sua Xana, que o ajudasse a levantar. Admirada, ela perguntou-lhe: ‘Queres ir ao quarto de banho?’. E o Fernando respondeu-lhe: ‘Quero dar um abraço ao presidente’. Assim trocámos o nosso último abraço”, recorda.

De seguida, a conclusão chega de forma emocionada: “Um mês depois deixou-nos. Não foi o último abraço, Fernando! Foi o penúltimo, pois um dia estarei junto de ti, para te abraçar com toda a amizade com que vivemos 46 anos. Até sempre, Fernando!”.

Jornal Record

Este artigo foi originalmente publicado neste website

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