Questionado, em tribunal, sobre o teor da conversa com Miguel Ribeiro, atual presidente da SAD do Famalicão que na altura era dirigente do Rio Ave, e com Pedro Martins, relativamente ao alegado aliciamento de César Boaventura – que terá pedido ao jogador para cometer um penálti e ser expulso na partida disputada em Vila do Conde frente ao Benfica, em 2015/16 -, Lionn garantiu que nunca pediu para não jogar nessa partida diante dos encarnados.

“Que eu sabia o Cássio e o Marcelo nunca se recusaram a jogar. Na altura acho que mostrei as mensagens ao Cássio e ao Marcelo, mas não me recordo se mostrei ao treinador. Lembro-me que o treinador me disse para pensar só no jogo e que depois íamos à polícia, mas acabei por não jogar porque não estava em condições. Estava em dúvida e antes do jogo fiz um teste, mas não consegui por causa da lesão numa coxa”, asseverou Lionn.

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Mediante o contexto, o ex-lateral foi abordado pelo presidente do coletivo de juízes do Tribunal de Matosinhos no sentido de esclarecer questões semelhantes.

Juiz: Recorda-se se tinha empresário nessa altura?

Lionn: Nessa altura não tinha.

Juiz: “Qual era o clube de Espanha que o César lhe falhou? Não lhe disse se era o Real Madrid ou o Alavés?

Lionn: “Não chegou a ser falado o nome de nenhum clube para lá do que escreveu na SMS.

Juiz: Percebeu quando é que lhe seriam entregues os 80 mil euros?

Lionn: Logo após o jogo, se tivesse aceitado a proposta.

Juiz: Quem iria entregar o dinheiro?

Lionn: O próprio César Ventura.

Juiz: Nessa altura tinha contrato com o Rio Ave até quando?

Lionn: Mais dois ou três anos.

Juiz: Anteriormente já tinha sido abordado por algum motivo semelhante?

Lionn: Nunca.

Juiz: Porque é que o César lhe disse para bater com a mão no chão?

Lionn: Para disfarçar

Juiz: Consegue explicar melhor? Disfarçar o Quê?

Lionn: Era para fazer um carrinho ou puxar o adversário no penálti e bater com a mão no chão para verem. Era o sinal que tinha sido de propósito.

Juiz: Não voltou a falar com César Boaventura posteriormente:

Lionn: Recebi um SMS a subir a parada para 100 mil euros, mas não aceitei o café e nunca mais me falou no contrato da Espanha.

Juiz: Guardou o número de telefone dessas mensagens?

Lionn: Não. Sei que vinha de um número estrangeiro, mas não me recordo qual.

Juiz: Conhece os indicativos de Espanha, Inglaterra ou França?

Lionn: Não. Conheço o do Brasil, mas sei que os contactos foram sempre pelo mesmo número.

Juiz: Quem é que estava a acompanhar César Boaventura no vosso encontro?

Lionn: Não sei. Era um amigo dele, calculo, ou alguém que dirigia, mas não sei identificar quem era essa pessoa e ela também não assistiu à conversa porque ficou no interior do carro.

Juiz: Recorda-se onde foi o estágio?

Lionn: No Hotel Santana, que era do presidente António Silva Campos

Juiz: Era habitual fazer estágios?

Lionn: Para os jogos frente aos grandes era.

Juiz: Quando soube que não podia jogar frente ao Benfica devido a lesão?

Lionn: No próprio dia do jogo. Fiz um teste e não deu.

Juiz: Recorda-se do depoimento que prestou à Polícia Judiciária de Vila Real em dezembro de 2018? 

Lionn: Recordo, estava a jogar no Chaves.

Juiz: Disse então que o César lhe perguntou se ia jogar frente ao Benfica e também disse que o César lhe disse que o presidente do Benfica lhe queria pagar 80 mil euros, bem como que o César lhe disse que o presidente do Benfica estava chateado com Jorge Jesus por causa dos resultados.

Lionn: Recordo-me.

Juiz: O que fez perante a insistência do César? A tal mensagem para tomar o café e aumentar o valor para 100 mil euros?

Lionn: Nada. Ele ligou-me um monte de vezes até atender e depois de lhe ter dito que não aceitava e mesmo perante a insistência, nunca mais voltei a falar com ele.

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