Antero Henrique, diretor-desportivo da Qatar Stars League, esteve esta quinta-feira no Thinking Football Summit, evento da Liga que decorre até sábado, no Porto e deixou um apelo para que a Liga portuguesa possa ter mais destaque e um mercado mais “realista”.
“Sublinharia a união entre instituições. Todos queremos que estejamos o mais possível juntos, alinhados com esta visão, que terá de ser definida em conjunto. Ideias todos temos, teríamos de nos sentar e discutir. Diálogo é sempre a melhor ferramenta para chegar a conclusões. O futebol português tem potencial, talento incomparável e tem de haver visão estratégica de um caminho onde todos se alinham. Comparamos a liga portuguesa com ligas da mesma dimensão de população e está a um nível altíssimo. Só que temos a exigência de querermos ser comparados ao top-5”, apontou Antero Henrique, que partilhou, ainda, a experiência que teve no FC Porto e PSG.
“Tinha uma experiência acumulada interessante, tinha estado num clube vendedor num mercado teoricamente vendedor e noutro teoricamente comprador. PSG é comprador, mas França é ainda um mercado vendedor. Esse conjunto de experiências contribuíram para ser selecionado. Todos estes cargos são sujeitos a concursos internacionais, há um conjunto de candidatos que se propõem, há seleção e nessa seleção contribuem as experiências. O desafio é de gestão de uma liga profissional, que tem primeira e segunda ligas. Como o Catar não é um país com uma grande presença de população, há necessidade de transformar a segunda no suporte da primeira enquanto espaço de recrutamento. O desafio foi tornar a Liga mais competitiva”, afirmou, destacando o talento do campeonato português e pedindo mais “realismo” no mercado.
“O nosso talento cria-nos esta ambição, esta ilusão. O talento que temos ao nível de treinadores e de jogadores leva-nos a ser ambiciosos. A maior parte dos clubes equilibra orçamentos com a questão comercial associada ao jogador e ao treinador. É uma liga vendedora, mas produz um talento imenso e cada vez mais tem mais condições para o desenvolver. É isto que faz com que a Liga cresça ainda mais. Levantam-se agora as questões que começam a ser discutidas, com a centralização dos direitos televisivos, no sentido de todos conseguirmos critérios que revertam a favor dos clubes. Mercado? Os jogadores de 100 milhões têm falhado quase todos. Temos de tornar o mercado global realista”, concluiu.