Maior estrela dos Nacionais de Coimbra, Diogo Ribeiro, nadador do Benfica, de 17 anos, quer brilhar ainda mais e promete trabalhar para isso mas, desde o primeiro dia, manteve-se humilde – não confundir com falta de ambição – e focado no que faltava. Como revela, desde o verão cresceu e tornou-se responsável. Um acidente «abriu-me os olhos».

– Quatro recordes absolutos [100 metros livres e 50 mariposa, dois em cada], seis de juniores, mínimos para os campeonatos da Europa e do Mundo de absolutos e juniores, dois títulos de campeão absoluto, cinco de júnior… O Nacional em Coimbra foi muito melhor do que alguma vez sonhou?
 

– Muito melhor! Sem dúvida. Antes do Nacional esperava conseguir mínimos para o Europeu de absolutos, mas até era nos 100 metros mariposa, que nem fiz [só para o Europeu e Mundial júnior]. E nas que fiz, 100 livres e 50 mariposa, acabei por alcançar mínimos para o Mundial de Budapeste. É verdade, não esperava consegui-los nestas duas provas. O trabalho que tenho feito fez a diferença.

– E o que significaram os quatro dias de campeonatos? Ainda sendo júnior, poderá ter sido a sua viragem para o outro mundo da natação? Começa a ver-se mais como nadador de absolutos e não tanto júnior?
 

– Sim, com estes mínimos para os campeonatos, passei a integrar-me no escalão absoluto. Já não ficaria satisfeito apenas com o apuramento para os Europeus e Mundiais juniores. É o início de uma grande carreira. Espero eu… [risos].

– Logo na jornada inaugural do Campeonato Nacional bateu o recorde de Portugal absoluto dos 100 livres, por duas vezes [48,96s, 48,72], tornando-se no primeiro a nadar a distância abaixo dos 49s. Na última fez o mesmo aos 50 mariposa [23,69s, 23,54]. Qual a diferença entre estes dois dias?

– Para mim, o dia dos 100 livres foi mesmo memorável. Vai ficar para sempre na cabeça. Tornou-se na primeira vez que consegui mínimos para os Europeus e sobretudo os Mundiais absolutos, coisa que não há muita gente a conseguir. É uma prova, com o tempo que registei, que deixou-me no top 5 do mundo nesta temporada. O que é incrível. Acho que ainda nem caí em mim.

– Em que evoluiu mais desde o verão [em 2021 foi vice-campeão europeu júnior dos 100 mariposa] e permitiu os resultados de agora?
 

– Cresci psicologicamente…

– Para as exigências de uma competição, da prova em si?
 

– Não, como pessoa. Fez-me bem ter saído de casa [ingressou no Benfica e está no CAR de Lisboa], comecei a ter outras preocupações e a ter mais cuidado com o que faço, até por causa do acidente que sofri [após o Europeu júnior].

– O acidente de moto abriu-lhe muito os olhos?
– Sim, sem dúvida. Não vou dizer que foi o que precisava porque ninguém deseja um acidente, mas abriu-me os olhos, porque antes só fazia porcaria. Com isso acordei e apercebi-me que só se vive uma vez. Estou mais responsável.

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