Rui Costa tem a esperança de estar em Paris’2024, numa temporada em que estar bem na Volta a França é um dos objetivos, após ter-se mudado para a EF Education-EasyPost, onde encontrou um “projeto mais aliciante”.
Comece-se pelo início: é um Rui Costa vestido de cor-de-rosa aquele que está na 50.ª Volta ao Algarve, depois de o campeão mundial de fundo de 2013 ter abraçado, aos 37 anos, um novo desafio na sua carreira.
“O meu sentido de viver é um bocadinho não estagnar, não me limitar. Eu sou sempre um atleta que acredito. Enquanto houver oportunidade, houver a esperança de poder ganhar, irei sempre estar aqui. E, sim, surgiu a oportunidade de ir para a EF, uma equipa realmente com um grupo muito bem construído, uma equipa com um projeto mais aliciante, uma equipa maior. É óbvio que estou supercontente aqui. E as expectativas são boas para o que aí vem”, defendeu.
Depois de uma temporada de sonho na Intermarché-Wanty, com um triunfo a abrir (no Trofeo Calvià) e outro a fechar (na Taça do Japão), e uma vitória numa etapa da Vuelta e outro na Volta à Comunidade Valenciana pelo meio, a perda de um patrocinador por parte da equipa belga levou o português a procurar “outros rumos”.
“Acho que a melhor opção para mim foi mesmo a EF. É realmente uma equipa extraordinária, uma equipa totalmente diferente daquelas por onde eu tenho vindo a passar, tanto a Movistar, como a Lampre […] Talvez a mentalidade um bocado diferente. A EF [tem] uma mentalidade mais aberta, uma mentalidade americana. E, realmente, está a surpreender-me pela positiva”, reconheceu, em entrevista à agência Lusa.
Para esta nova fase da carreira, o corredor poveiro tem um calendário repleto de corridas, que o vão levar da Volta ao Algarve ao Gran Camiño, na Galiza, antes da emblemática Strade Bianche.
“Depois, irei fazer a [Volta à] Catalunha, de preparação para o Tour de Flandres. Irei participar numa prova anteriormente ao Tour de Flandres para uma adaptação e, depois, irei passar pelas clássicas das Ardenas. E daí será, depois, uma preparação, possivelmente, para a [Volta à] Suíça e para o Tour”, enumerou.
O “Tour é o Tour” e será sempre a prova que Rui Costa terá “como primeira escolha”, pelo que quer estar “na melhor condição possível” na corrida que decorre entre 29 de junho e 21 de julho, também com outra perspetiva em mente, a de estar em Paris’2024, onde a prova masculina de fundo está agendada para 3 de agosto.
“Se não existisse esta esperança, acho que não era bom, não é? Também a escolha do Tour foi um bocadinho… Caso haja a opção de fazer os Jogos Olímpicos, saindo do Tour, eu acho que é a melhor opção”, argumentou, estimando que é “impensável passar pelos Jogos Olímpicos e não fazer” a Volta a França.
O corredor da EF Education-Easy Post garante que, “antes de mais”, acredita sempre em si, como aconteceu nos dois anos e meio que esteve sem vencer – antes do Trofeo Calvià, o vencedor de três etapas na ‘Grande Boucle’ e três gerais da Volta à Suíça tinha como último triunfo o título nacional de fundo em 2020.
“Não olho a críticas, não olho a comentários menos bons. Simplesmente, olho para aquilo em que eu acredito. […] Enquanto eu acreditar que posso ganhar, irei continuar aqui. No momento em que eu sentir que isso já não é possível, sou o primeiro a pegar nas mochilas e a abandonar o barco, como se costuma dizer”, asseverou.
Para já, no entanto, Rui Costa confia que “realmente” tem “capacidades para continuar a lutar por bons resultados”.
“Para ganhar, também, porque eu acho que no fundo trabalha-se duramente, todos os dias para conseguir ganhar, não é para conseguir apenas um bom resultado. É óbvio que um bom resultado é sempre gratificante, mas o foco é sempre na vitória”, completou à Lusa.
O campeão mundial de 2013 alerta, contudo, que nesta Algarvia será difícil lutar pela amarela final, uma vez que esteve doente nos últimos dias, mas perspetiva ainda assim uma boa participação da sua nova equipa.
“É certo que eu apostava realmente em estar bem aqui, na [Clássica] da Figueira da Foz também, mas devido a um problema de saúde, eu não consigo estar nas minhas melhores condições. Mas pronto, aqui estou eu e vou dar o meu melhor”, prometeu aquele que é o português mais consistente na Volta ao Algarve na última década.
Décimo no ano passado, o experiente ciclista português tem no currículo vários lugares no top 5 da prova que decorre até domingo: foi terceiro classificado em 2014, quarto em 2020 e quinto em 2013 e 2012.
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