José Pedro Pereira da Costa, o eleito por André Villas-Boas para administrador financeiro caso vença as eleições do FC Porto, apresentou-se aos sócios e adeptos dos dragões, apelando a uma rutura com o passado.
“É urgente a mudança no FC Porto. Visão, rigor, planeamento, disciplina, profissionalismo, competência, transparência, sustentabilidade e ética foram algumas dos traços de força apresentados que subscrevo totalmente. O FC Porto precisa de se renovar e entrar numa nova fase de mudança a todos os níveis e desde logo na sua gestão financeira. Quero ajudar a transformar o meu clube, que tantas alegrias me deu. André Villas-Boas é o candidato ideal para presidente do FC Porto, em termos de portismo, motivação, energia, capacidade de comunicação, mobilização, seriedade, e acima de tudo capacidade de liderança e competência para liderar o FC Porto nesta fase de mudança. Conhece como muito poucos a indústria do futebol e o FC Porto por dentro e por fora”, destacou o antigo administrador da NOS, passando, depois aos números que sustentam a sua tese de rutura com a atual gestão.
“O atual estado financeiro do FC Porto é muito preocupante, com resultados líquidos acumulados nos últimos 10 anos de cerca de 250 milhões de euros negativos, cerca de 25 milhões de euros por ano, que levaram ao acumular de um passivo de 530 milhões de euros e de uma dívida financeira de 310 milhões de euros. Olhando para os Relatórios e Contas fornecidos pelo FC Porto e comparando com os seus principais rivais. Porque é que no FC Porto fizemos vendas nos últimos seis anos de cerca de 430 milhões de euros, mas apenas foram registados resultados dessas vendas de cerca de 30 milhões de euros, isto é, 7 por cento do valor das vendas, depois de abatidos os custos associados a essas vendas, assim como as amortizações. Olhando para os rivais ficamos a pensar. Um dos rivais fez vendas de 570 milhões de euros, gerando resultados de 200 milhões de euros, 35 por cento do valor, e outro rival realizou 400 milhões de euros, um valor próximo do que conseguimos, mas gerou 170 milhões de euros, 43 por cento do valor de vendas de passes de jogadores”, destacou, levantando, em seguida, questões relativas à bilhética, merchandising e despesas de representação.
“Porque é que no último exercício, 2022/23, as vendas de bilhetes para os jogos e lugares anuais, excluindo camarotes, as receitas de bilheteira foram de apenas 10,8 milhões de euros, os principais rivais com 19,8 milhões de euros e com 13,6 milhões de euros. O rival com menor valor teve uma assistência média na Liga em 30 por cento inferior ao FC Porto. Porque é que o FC Porto, com receitas de merchandising, que correspondem essencialmente a venda de equipamentos, porque é que com receitas similares de cerca de 8 a 9 milhões de euros com um dos nossos rivais, porque é que tem cerca de 2 milhões de euros de custos das mercadorias vendidas a mais que esses rivais? Porque é que a nossa margem nessa atividade é de 35 por cento, enquanto nesse rival é perto de 60 por cento? Em que consistem despesas de representação do FC Porto de mais de 1,4 milhões de euros por época. Nos últimos quatro exercícios foram pagos 5,2 milhões de euros em despesas de representação, valores que acrescem aos salários e prémios. Há seis anos, na SAD do FC Porto pagavam-se por época cerca de 500 mil euros em despesas de representação. O que são cerca de 3 milhões de euros de outros fornecimentos de serviços externos que nunca são explicados”, rematou o homem escolhido por André Villas-Boas para a pasta financeira.
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