O Benfica recebe esta quarta-feira o Eintracht Frankfurt para a 3.ª jornada do grupo A da Liga dos Campeões. A partida será jogada no Estádio da Luz, às 20 horas, naquela que será a estreia das águias no palco principal do clube em duelos internacionais e esta terça-feira, a treinadora do Benfica, Filipa Patão, falou aos jornalistas na antevisão ao encontro com a turma alemã.
Diferenças no ranking [Benfica 13.º e Frankfurt 23.º] dão favoritismo ao Benfica?
“Os favoritismos ficam sempre cá fora. Quando se entra em campo as equipas começam do zero e ambas têm hipótese de pontuar e conseguir o seu objetivo. Ambas têm 3 pontos, precisam de ganhar e vai ser uma luta muito interessante. É uma equipa bastante competente, nós também. Independentemente da questão ranking, ambas ambicionamos chegar mais longe na Liga dos Campeões. Os rankings ficam lá fora. A partir do momento em que entrámos dentro de campo, deixa de contar e de existir. Só irá contar aquilo que fazemos dentro de campo e qual a equipa que vai conseguir entrar melhor, ter uma ideia de jogo melhor e pô-la em prática. Muitas vezes nem é pela ideia, mas se conseguimos concretizar e superiorizar. Não vai ser o ranking, acho que vai ser aquilo que se vai efetivar dentro de campo.”
O que significa poder ganhar e até eliminar o Frankfurt?
“Já no ano passado defrontámos equipa alemã de renome, o Bayern. Não pontuámos, ao contrario do ano anterior, em que conseguimos o empate, mas tivemos um jogo em casa que acabou por não cair para o nosso lado, mas estivemos a ganhar por 2-0. O futebol português evoluiu muito, Benfica tem evoluído muito, mas desengane-se quem acha que o Frankfurt é uma equipa com menos valências que o Bayern, porque não é. E está a mostrar isso na liga alemã [3.º lugar]. É uma equipa mais vertical que o Bayern, consegue ter jogadoras muito competentes no seu modelo de jogo. Não quer dizer que tenhamos de ter receio e que nos inferiorizemos. Só nos dá mais responsabilidade para encarar o desafio e dar o tal passo à frente que precisamos. O que sentimos, principalmente no ano passado, é que faltou sempre um danoninho, faltou sempre qualquer coisa. Tem-se sentido isso no futebol português feminino, mesmo na Seleção, parece que falta sempre aquele poste, aquele pedacinho… As equipas estão cada vez mais a mostrar que têm capacidade, agora falta dar o passo final. Nos momentos decisivos, não sermos só competitivos, conseguirmos pontuar e ganhar. No futebol é isso. Não podemos lutar uma vida inteira para ser competitivos, temos de lutar para pontuar ou vencer desafios que nos fazem estar entre as melhores equipas. É esse o nosso objetivo e é desta forma que vamos encarar o jogo. Sabemos valência do adversário mas também a nossa.”
O que representa o fazer primeiro jogo europeu na Luz?
“Nem é por ser da Liga dos Campeões, é por ser no Estádio da Luz. Sabemos a grandeza deste estádio e desta casa. Todos os jogos que nos proporcionarem aqui, estaremos eternamente gratas por essas oportunidades e vamos fazer sempre por merecê-las. Vai ser mais uma vez especial. É importante ser numa Champions, pois passamos uma mensagem para fora, de que há uma grande aposta do Benfica. Desde já agradeço ao presidente e direção por proporcionarem mais uma vez jogar na Luz, num momento competitivo muito importante e no qual podemos mais uma vez fazer história. Só tenho a agradecer estas oportunidades maravilhosas que nos dão. E já agora deixar também uma mensagem para os que comparecerem, um muito obrigado. Sejam eles quantos e quem forem, aqueles que vierem serão muito bem-vindos e vão assistir a um grande jogo de futebol.”
Benfica está mais experiente e confiante?
“Todos os anos evoluímos. Vejo muito pela forma como quem está de fora olha para um jogo. No ano passado defrontámos o Rosengard e toda a gente ficou eufórica porque conseguimos ganhar ao Rosengard em casa por 1-0 e fora por um resultado mais volumoso (1-3) e lembro-me que foi uma euforia. Agora ganhamos 1-0 e já não é só a euforia, já é ‘o Benfica podia ter dilatado a vantagem’, ‘podia ter ganho de forma mais confortável’… São pequenos sinais de que realmente já olham para o Benfica de outra forma, tanto dentro como fora. Nós abordámos e falámos do jogo com o Rosengard, realmente poderíamos ter feito muito melhor, poderíamos ter ganho por mais. A mentalidade e a capacidade que temos de abordar este tipo de jogos estão a mudar. Contra o Frankfurt, a mentalidade é a igual à que levávamos contra o Bayern, mas com mais uns pozinhos de motivação e confiança para aquilo que é possível fazer. Isso tem a ver com o desenvolvimento do futebol feminino português e do Benfica. Não somos a mesma equipa do ano passado, não só porque não temos as mesmas intervenientes, mas porque temos mais um ano de estímulo em cima, de aprendizagem dentro do nosso modelo e daquilo que queremos para as atletas. E vou buscar o que Michael Jordan disse em tempos, que não era por falhar 1, 2, 3, 4, 5, 6 cestos, que ia deixar de tentar. Isso era a pior coisa que ele podia fazer. Não é por perdermos 1, 2, 3, não é por ficarmos aquém ou quase lá, que vamos desistir. Vai dar-nos bagagem para continuarmos a tentar encestar e tenho a certeza de que muito em breve, pelo trabalho que elas têm desenvolvido, que o cesto vai aparecer. Neste caso, o golo vai aparecer, e vamos conseguir ser felizes. Todos nós, pois isto é um trabalho não só do Benfica, mas de todos os portugueses e todos os que estão envolvidos no futebol feminino.”
Anna Gasper e Lena Pauels deram ajuda extra?
“Dão sempre, como é óbvio. Conhecem perfeitamente as equipas alemãs, a forma de jogar… Mas acho que a grande ajuda que vão dar vai ser dentro de campo. Aí é que precisamos que estejam no seu máximo e tenho a certeza que, mais uma vez, não nos irão defraudar.”
Se pudesse escolher uma jogadora do Frankfurt para não jogar, quem seria?
“Sou sincera. Sou competitiva, mas nestes momentos gosto mesmo muito de provar que a nossa equipa está mesmo muito melhor e muito bem preparada. Não posso, nunca, preferir ganhar jogos contra equipas que não se apresentem no seu máximo. Prefiro não ser feliz mas ter a certeza que estou a defrontar as melhores, a crescer e a fazer história contra as melhores. Quero mesmo que o Frankfurt venha na máxima força, que todas as jogadoras estejam disponíveis.”
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