Ex-jogador do Benfica, que já cumpriu seis meses da pena, atribuída por cometer extorsão agravada, poderá dedicar-se à gestão de uma escola de futebol, mas tem horário a respeitar
Em liberdade condicional desde maio, Fabrizio Miccoli falou pela primeira vez sobre a condenação atribuída pelo crime de extorsão agravada. O ex-jogador do Benfica assumiu a prática de “um grande erro”, cometido durante a passagem pelo Palermo, em 2010, com o intuito de pôr um fim a comentários de interpostas pessoas.
“Há 12 anos cometi um grande erro. Daqueles que mudam a vida. Quando és jogador na Série A, tens muita atenção, mas não sabes em quem pode confiar. Não estou a pedir para ser compreendido, não estou a pedir que o que aconteceu seja esquecido. Não é isso que quero alcançar com esta carta. Eu só quero, depois de 12 longos anos, esclarecer a minha posição, ter a minha própria em vez de ser dita pelos outros”, escreveu o ex-jogador transalpino, na rede social Instagram.
Não obstante o cadastro criminal, e aplicando uma analogia futebolística, Miccoli sublinhou que tentará como que limpar a imagem junto da opinião pública. “Como em campo, depois de uma derrota, não podes repetir o jogo que acabaste de perder, mas podes treinar e tentar fazer melhor no próximo jogo. Tenho quase 43 anos e espero ter muitos mais “jogos” para recuperar e mostrar o verdadeiro Miccoli”, finalizou o antigo jogador, que representou o Benfica entre 2005 e 2007.
Condenado, em 2020, a três anos e meio de prisão, começados a cumprir em novembro último, Miccoli foi colocado em liberdade condicional, por ordem do Tribunal de Veneza, após aceitar um recurso apresentado pelo antigo jogador italiano, pelo que irá cumprir o resto da pena fora do estabelecimento prisional.
O ex-futebolista italiano do Benfica, que já cumpriu seis meses de prisão – falta o remanescente – por ter cometido o crime de extorsão agravada, poderá dedicar-se à gestão de uma escola de futebol, mas deve regressar a casa em hora definida.
Além disso, Miccoli não poderá contactar com as vítimas originadas pelo esquema de extorsão, ao qual se associou durante a passagem pelo Palermo, em 2010, ano em que o ex-jogador soube que Giorgio Gasparini, antigo fisioterapeuta da equipa e pessoa de quem era próximo, ficara sem 20 mil euros que tinha investido sob a forma de empréstimo a Andrea Fraggagnini, dono da discoteca italiana Paparazzi.
Decidido a “resolver” a situação, Miccoli, segundo a acusação, contactou um amigo que conhecera como jogador do Palermo, Mauro Lauricella, filho de um dos chefes da máfia, Antonio Lauricella, a cumprir prisão, para recuperar o dinheiro. Miccoli recusou sempre que tivesse intercedido no sentido de tentar que Fraggagnini devolvesse a verba, através de métodos ilícitos, mas foram intercetadas chamadas do ex-Benfica para Mauro Lauricella que suportavam a acusação e que o colocavam em xeque pelas depreciações feitas sobre Giovanni Falcone, juiz assassinado pela Cosa Nostra.
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