Raquel Pereira tem apenas 24 anos, mas decidiu colocar um ponto final na carreira de desportista, neste caso de nadadora, para investir na carreira profissional e fora de Portugal.
“Estou a fazer uma escolha de vida, claro que vou ter imensas saudades dos treinos, da rotina, dos meus colegas, do treinador, que é também meu amigo. Quando disputámos os Nacionais, eu já tinha a decisão tomada, porque vou para a Alemanha, trabalhar na área financeira, e tinha essa ideia de terminar em beleza, com a conquista do título nacional”, referiu em entrevista ao site do Benfica, clube que representa e com quem se sagrou campeã nacional de clubes, sendo ainda a recordista nacional dos 200 metros bruços piscina curta.
Na Alemanha, Raquel Pereira vai trabalhar numa multinacional na área dos investimentos, sendo que a médio prazo o objetivo passa por fixar-se em Madrid.
“A minha chefe é espanhola, e foi ela que me convenceu a ir para a Alemanha. Eles procuram pessoas com conhecimentos na área financeira, dos investimentos, mas procuram igualmente pessoas que tenham sido atletas de alta competição, porque a nossa capacidade de priorizarmos as coisas, de orientação e gestão do nosso tempo, da nossa resiliência, da nossa persistência, são determinantes para captar esse talento para as empresas. Esse foi um programa que se iniciou nos Estados Unidos, e na Alemanha e noutros países estão a aderir. Apostam na formação dos colaboradores, mas vão buscar aos atletas de alta competição algo que não encontram no mercado. E isso é muito positivo, e foi assim que se tornou possível a minha ida para esta multinacional. E nem vou precisar de aprender a falar alemão, porque domino o inglês e já falo um espanhol macarrónico. Aqui é que tenho de evoluir e aprender mais, porque tenho o objetivo de fixar-me, mais tarde, em Madrid. Vou à aventura, completamente sozinha, embora tenha família na Alemanha, mas não em Frankfurt”, sublinhou a jovem, lamentando que estas oportunidades não s sejam reais em Portugal.
“As empresas portuguesas não contratam assim, não vão buscar estes exemplos à alta competição. Ainda não estão nesse nível. Não há grandes oportunidades para pessoas como eu, e isso entristece-me, porque também gostaria de trabalhar em Portugal e de ficar junto dos meus, da minha família, dos meus amigos. Mas trata-se do meu futuro, e tenho de o construir fora de Portugal. Pode ser que, um dia, consiga voltar, porque tenho esse desejo. É o meu país, mas, por agora, tenho de sair. Como estão a sair muitos jovens da minha idade. É o nosso futuro que está em causa, e temos de ir para onde somos reconhecidos. A universidade onde tirei o curso, em termos internacionais, está nos melhores rankings, ou seja, os jovens, em Portugal, são cada vez mais qualificados. E, também por isso, não encontram futuro em Portugal e nas nossas empresas”, frisou.
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