Rui Costa não tem problemas de assumir-se como “presidente adepto”, mas garante que nunca deixará que isso o leve a tomar decisões precipitadas, pelo que pretende agir, sempre, com responsabilidade.
“Não sei o que é ser um presidente adepto. Essa expressão sempre me fez muita confusão até porque se o presidente não tem sentimentos pelo clube o que está lá a fazer? Se tem sentimentos pelo clube é um presidente adepto. Se a expressão é essa então direi que serei sempre um presidente adepto com todo o orgulho mas um presidente responsável”, prometeu, em declarações à Liga TV, onde abordou ainda as mudanças efetuadas recentemente no Estádio da Luz, no que diz respeito ao espetáculo antes dos jogos.
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“Temos o maior orgulho no nosso estádio e aquilo que procurámos fazer foi modernizá-lo por dentro. Tinha sido até uma promessa eleitoral minha, algo que já tinha pensado que pudesse nascer no clube e acho que acabou por ser uma mais-valia no estádio. Para além da beleza estética cria um ambiente mais efusivo e participativo em toda a gente. Acredito plenamente que o adepto do Benfica quando chega à Luz, e tendo o estádio como a sua própria casa, fica feliz em ver o recinto como ele está hoje”, apontou, tendo depois criticado a lei que impede a venda de bebidas alcoólicas no interior dos estádios, fazendo com que os adeptos só entrem em cima da hora do jogo: “Sabemos que temos aqui um ‘handicap’ em termos de estádio em si, quando as equipas saem do aquecimento o estádio ainda está muito despido. Isso tem a ver com a impossibilidade de haver álcool dentro dos estádios, uma coisa que creio só haver em Portugal, mas assim é a Lei. Isso impede de criar até uma melhor atmosfera à volta daquilo que é o jogo em si. Portanto, temos de criar coisas fora do estádio, o que é uma pena também. Digo até como ex-jogador que sair do aquecimento já com o estádio cheio e com o ambiente de jogo, beneficia. Não tendo isso temos partir para outras soluções, como é o caso da ‘fan zone’, e provavelmente alargar a mais coisas, para criarmos mais situações atrativas, de modo a que o adepto possa vir mais cedo e poder conviver.”
O presidente do clube da Luz comentou ainda a forte procura de Red Pass por parte dos sócios do Benfica, lamentando não ter lugares para toda a procura. “É o adepto do Benfica, para bem e para o mal, é a vida deste clube. Infelizmente, não temos estádio para todos os Red Pass necessários neste momento. Isso é um sinal de enorme vitalidade do nosso clube e direi até de contentamento dos nossos adeptos, porque querem estar presentes em todos os jogos do Benfica. O problema que temos tido com a procura em casa temos tido também nos jogos fora com a bilhética, com o acompanhamento que os nossos adeptos têm feito em todos os jogos e competições à equipa do Benfica. Temos que estar gratos por isso, perceber esse sinal e não perder este sentido de mística. Se as pessoas estão com vontade é porque querem o melhor para o Benfica”, explicou.
Rui Costa justificou, ainda, por que considera que a ‘Marca Benfica’ é a mais forte do mercado português. “Para mim é (risos) e para os benfiquistas também. Como somos muitos, se calhar é mesmo a marca mais forte do universo português. Até por aí, quando se fala dos direitos televisivos e de tudo o resto, temos que defender essa marca. Falámos do estádio, dos Red Pass… Tivemos as maiores assistências do futebol português no ano passado, estou certo que iremos ter este ano outra vez. A procura dos Red Pass, a bilhética fora de casa, por aí fora. Isso é representativo da marca do Benfica e nós temos que saber defender essa marca, fazê-la crescer mais”, assinalou à Liga TV, antes de abordar a questão da centralização dos direitos televisivos.
“Só conseguimos ter uma opinião completamente válida depois de sabermos o que pode haver por aí. Neste momento, as únicas duas coisas que sabemos são que há uma lei do Governo e que há uma promessa da Liga que todos os clubes serão beneficiados com isso. Ora, atendendo a que o Benfica privilegia o crescimento do futebol português e está sempre com as ambições de contribuir para a sua melhoria, tem que estar dentro desse processo. Mas tem que estar dentro do processo com essas premissas. Não havendo centralização o Benfica seguirá sempre o seu caminho, como fez no passado, inclusive até ajudando a que alguém fosse a reboque dos contratos que o Benfica fez durante esses anos. Temos aqui uma janela ainda para perceber bastante como é que estão os direitos. Já assumi isso mais do que uma vez, o Benfica está sempre presente em prol da melhoria do futebol português mas, evidentemente, não quer e não vai sair prejudicado deste processo”, vincou, reforçando a disponibilidade do clube que dirige dar um empurrão para a melhoria do futebol nacional.
“O nascimento da centralização e dessas premissas não foi o Benfica que as pôs cá fora. Não foi o Benfica que convenceu o Governo a criar a centralização dos direitos nem foi o Benfica que disse que nenhum clube sairia prejudicado. É dentro destas duas premissas que estamos neste apoio à centralização dos direitos, defendendo também a nossa parte. Não quero ser hipócrita, estamos aqui para o melhor, para o futebol português, mas há essa premissa de nenhum clube sair prejudicado e o Benfica não quer sair prejudicado dessa negociação. Já no passado conseguiu o que conseguiu, contribuindo bastante para que outros clubes fizessem contratos muito melhores do que aqueles que tinham, e não havendo a centralização o Benfica continuaria o seu caminho nesse sentido. Portanto, temos para defender o futebol português mas evidentemente, não sendo hipócrita, o Benfica não poderá nem sairá prejudicado”, atirou, antes de contrariar a ideia que uma renegociação dos direitos televisivos iria prejudicar os clubes portugueses: “Não sabemos. Temos indicadores e por isso digo que o Benfica não pode sair nunca prejudicado a dobrar. É dentro da marca Benfica que temos de ter a responsabilidade e assumir claramente que não queremos e não vamos sair prejudicados deste processo”.
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