Poucos dias depois de ter cumprido o seu 100º encontro ao serviço do Sporting, Luís Neto expressou o seu sentimento sobre este marco na carreira e, em entrevista à Sporting TV, recapitulou um pouco do seu percurso no clube de Alvalade, sem deixar de destacar a última partida – a tal centésima – que efetuou na vitória (2-1) sobre o Tondela.
“Orgulho de estar no Sporting. Tinha pensado que podia ter atingido [a marca dos 100 jogos] no ano passado se não tivesse acontecido a infelicidade no joelho e no pneumotórax. Que depois só voltei em abril. É um marca importante pelo marco que é e por ter sido no Sporting”, assumiu o internacional português de 35 anos, recordando as duas lesões por que passou na temporada passada, garantindo que não esperava alcançar estes números quando começou no futebol: “Seria de orgulho e resiliência e não podia ter imaginado algo parecido. Foi muito melhor do que idealizava. Ser aqui no Sporting foi cereja no topo bolo. Era um sonho meu jogar num grande e ao mais alto nível em Portugal. Não podemos ser só aquilo que fazemos dentro de campo. Quando entramos aqui, somos aquilo que damos de experiência e conselhos aos outros. Damos o melhor de nós para que o ambiente seja sempre bom. Um clube grande quando não ganha tem semanas difíceis. É procurar o equilíbrio entre altos e baixos que vão acontecendo.”
Revelando ainda que utiliza o número 13 por convicção – “É um número que era azarado na Rússia. Aconselharam-me a trocar a camisola. Mas sentia que era possível ganhar o campeonato e títulos e ter bom rendimento e ser algo parecido com o que sou aqui com essa camisola. Não passa de um mito”, garante -, o experiente central lembrou ainda o primeiro jogo que realizou ao serviço dos verdes e brancos, num empate contra o Boavista, e não se esqueceu de enumerar aquele que o marcou mais no clube.
“O jogo que me marcou mais foi o do Sp. Braga fora. Sentimos que dificilmente nos ia fugir o título nacional”, reiterou, antes de puxar a fita atrás, recordando o momento em que se sagrou campeão nacional diante do Boavista, no Estádio José Alvalade, em 2020/21: “Esse jogo tinha uma multidão lá fora. Lembro-me da fase em que as pessoas começaram a acompanhar-nos também. Sentíamos à nossa volta que o ambiente que circulava e a euforia de poder ser campeão ao fim de 20 anos. No Boavista, aquela multidão toda cá fora e o próprio dia, os discursos do presidente, do míster e do Seba antes do jogo… tínhamos mais 2 créditos mas queríamos resolver ali. Foi uma espécie de ‘déjà vu’ do trajeto da Seleção em 2004, mas em versão verde e branca, em versão Sporting. São marcos especiais. Foi o culminar de tudo. Tive acesso a pessoas de fora e tivemos as famílias lá no estádio. O próprio convívio no final no estádio… sentimos a nossa família de Sporting.”
Além disso, Neto enumerou ainda os valores que considera serem fundamentais num clube como o Sporting – “Aprendi aqui que ganhar é muito importante, mas também a maneira como se ganha”, vincou – e explicou de que maneira tenta também ter impacto na equipa, mesmo que não seja um habitual titular. “Com o míster acabamos todos por estar no mesmo patamar, com o mesmo objetivo, a cabeça no mesmo sítio e a querer a mesma coisa. É sempre possível dar coisas positivas à equipa. Seja a alertar o Ináio, seja a falar com o Quaresma ou o Ousmane [Diomande], seja a falar com o Seba [Coates]. As pessoas veem quem joga porque é mais mediático. Mas sinto que tenho o meu espaço e toda a gente aqui respeita-me. Respeito toda a gente e gosto de estar aqui. Tenho boa relação com todos os departamentos na Academia. Sinto que é possível estar na Academia, fazer diferente e estar com a disposição certa”, confessou o veterano defesa.
Sem deixar de agradecer o apoio dos adeptos, os quais, segundo Neto, “em qualquer região do país esgotam estádios e apoiam a equipa”, conferindo uma “responsabilidade maior”, o central de 35 anos não podia esquecer o momento em que se estreou a marcar pelo Sporting ao fim… de 98 partidas de leão ao peito. Tal sucedeu na goleada diante do Dumiense, na Taça de Portugal, e para tornar tudo ainda mais especial, Neto teve mesmo dois espetadores bem atentos na bancada nesse jogo, os seus filhos.
“Muitos jogadores marcavam mas dizia ao meu filho que o pai era defesa. Ele dizia que o Inácio e o Coates eram defesas e marcavam. Nesse jogo, ele estava lá, viu e ficou com alguma surpresa porque nunca tinha visto um golo meu. Foi um marco especial por estar o meu filho e filha a verem. Foi bom e ter sido aqui [no Estádio José Alvalade] foi importante”, concluiu.
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