A grande figura da 6.ª sessão do julgamento da ‘Operação Malapata’, no Tribunal de São João Novo, no Porto, foi Gedson Fernandes, jogador do Besiktas, referido várias vezes no processo como tendo ligações com César Boaventura, o principal arguido do caso.
O antigo jogador do Benfica esteve presente através de videoconferência, onde respondeu a questões sobre a sua ligação com o empresário, incluindo as várias abordagens que terá recebido para ser por agenciado aquele, além da alegada intermediação de transferências ou até sobre a suposta assinatura de contratos de cedência de direitos.
O médio, agora com 24 anos, detalhou que a maioria das abordagens aconteceu no início da sua carreira profissional, quando subiu à equipa principal do Benfica. Nesse sentido, Gedson disse que conhecia Boaventura, tendo este abordado o atleta com a intenção de o agenciar, algo que, afirmou, foi imediatamente recusado, pois já era representado. Mais tarde, Gedson viria a assinar com o famoso empresário Pini Zahavi e é agora agenciado pela Gestifute, empresa de Jorge Mendes.
O tribunal apresentou ao jogador cópias de documentos já referidos várias vezes no julgamento, incluindo um contrato de cedência de direitos de imagem e agenciamento alegadamente assinados pelo ex-Benfica, algo imediatamente contrariado por Gedson, que disse “nunca” ter “assinado algo” para César Boaventura, afirmando que as assinaturas eram falsificadas. Rambém recusou ter conhecimento de qualquer negócio do empresário, incluindo os relativos às empresas GIC England e Spartacus, descritas como empresas de agenciamento de jogadores.
Gedson Fernandes detalhou também a sua transferência para o Tottenham, por empréstimo dos encarnados, em 2019/20. O jogador disse que, na tentativa de intermediar outro negócio, César Boaventura o abordou com uma suposta transferência para os rivais londrinos do West Ham, algo imediatamente recusado por “nenhum interesse” do atleta, que já tinha tudo alinhavado para reforçar a equipa na altura treinada por José Mourinho. Também esclareceu que não seria comum um empresário exterior ao negócio propor qualquer transferência secundária, alegando que não conhecia nenhum colega ou jogador com casos semelhantes.
A sessão, que deveria ter contado com Paulo Futre, procedeu com outras testemunhas, incluindo um gestor financeiro, uma empresária de imobiliário e um suposto companheiro profissional e amigo pessoal de Boaventura, com ligações ao agenciamento de jovens jogadores entre os 12 e 19 anos e que alegou ter um contrato de prestação de serviços com outra das empresas, a FCC, detidas pelo arguido, alegando que existe, de facto, uma ligação profissional ao agenciamento de atletas.
O julgamento continuará na próxima quinta-feira, dia 30 de novembro, onde César Boaventura irá testemunhar ao tribunal pela primeira vez.
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